domingo, 11 de abril de 2010

POEMA

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ANSEIOS

Que eu não seja uma nuvem
A menos que seja para me derramar em chuva
sobre as terras áridas,
que colheitas fartas não vingaram...

Que eu não seja uma flor
Porque dela nunca terei o odor
Mas hei de apreciar sua beleza
e festejar as tantas que desabrocharam... 

Que eu não seja em nenhuma hipótese, ovacionada
Porque de todas as coisas que fiz
nada tem real valimento;
são só palavras, que se amontoaram...

Que eu não tenha ídolos ou fãs
Porque somos todos iguais
os simples e os geniais;
apenas mentes ousadas que sonharam...

Que eu não seja um caminho
Porque não estou certa ou errada
Mas que eu encontre o meu
e que seja permeado de luz e bondade...

Que eu não seja uma canção
Porque dela nunca terei o lirismo
tampouco saberei tocar um coração
com tamanha, generosidade...

Que eu não seja uma santidade
Porque serei sempre assim...humana,
e porque pode-se, sim, viver
com mais amor e menos maldade...

Que eu não seja nunca, venerada
Que eu seja só, amada;
tudo isso, ou quase nada,
desde que seja, verdade...

Que eu seja pra sempre essa mulher comum,
que vivendo é capaz de sonhar,
e continua em seu peito a alimentar,
esse tanto, imenso, sem fim... De amor.


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Para acompanhar, eu tomei a liberdade de escolher
Clare de Lune, Debussy...


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