terça-feira, 23 de março de 2010

SONETO

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TEU CANTO

Escuto o som do teu canto épico
A me envolver com profunda ternura.
Num ato desejoso de felicidade pura
Bailo contigo nesse sonho mágico...

Abandono todo pensamento trágico
Nesse misto de paixão e cândura
Procuro, e em ti encontro a cura
Adormeço feliz em teu peito heróico!

Sorvo cada gota dessa epopéia de amor
Sinto-a toda, com calmaria e furor
Reinveto a esperança de em ti renascer...

Perdida em teu sorriso lindo a brilhar
Me encontro, na chama do teu olhar
E em ti, só em ti, volto a viver...


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POEMA

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FULMINANTE

Minha voz, sem teus ouvidos, anda muda
Meus braços, abraçam o que ninguém vê
Meus olhos, cegos, suplicam por ajuda
Sem ouvir-te, já não quero mais viver!

Desvairada, gero-te em minhas entranhas
Mar de ilusões que banha meu coração
Em prantos e preces rogo por tuas manhas
Pois que és, tu, toda a minha razão...

Nos recônditos de minh'alma dilacerada
Assisto o fatídico fim, me recuso a aceitar
Se perpetua em mim, presença execrada
De tão cruel, a dor quase me faz acreditar...

Sentidos sem sentido preenchem meu hábito
Em meu âmago continua palpitando fumegante
Exijo beber até o último resquício do teu hálito...
Sucumbo a ti, sempre... Verdade fulminante!



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segunda-feira, 22 de março de 2010

POEMA SENSUAL

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ADORADO APOGEU

Mais uma vez vontade me assola
Desejo aterrador de te ter enfim
Meus lábios querem os teus agora
Necessito sentir tudo de ti em mim!

Tuas mãos trêmulas me acariciando
Tua língua, delícias de amor ousando
Teu corpo no meu, suavemente roçando
Teus pelos arrepiados me torturando...

Teus olhos fixos e límpidos a me olhar
Teu cheiro doce a me embriagar
Teu brilho, o resto do mundo ofuscar
Teu suor fazendo meu instinto aflorar...

Cada palavra e gesto que me alucina
Tudo de ti que me enleva e fascina
Ah! Doce insensatez, adorado apogeu...
Vem agora... Vem tomar o que é teu!


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domingo, 21 de março de 2010

SONETO

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AUSÊNCIA

Meu coração tristíssimo, já não chora
De desapontado, bate quase inválido
Tomba meu peito em um verso cálido
Perda irrefutável, amor de outrora...

Meus lábios balbuciam, som pálido;
Ininteligível emissão tão fraca agora
Bem mais que um choro, não me apavora
Bem menos que um grito, esquálido...

Dormência de sentidos. Ah, saudade!
De quando sentia-me amada, odiada...
Sofrendo ou sorrindo, era verdade!

Hoje ausência. Antes tão apaixonada...
Amor, dor? Vazio... Déspota realidade!
Em mim, habita só, esse muito de nada...


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sábado, 20 de março de 2010

SONETO

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SINA


Minh'alma, de amar-te, só desatina
De tanto pensar-te, esqueci de mim,
Extasiada, louca, agora ando assim ...
Dizem-me nula, em versos sem rima!

De negar-te desisto, a ti digo 'sim',
Meu desejo único, em ti peregrina
Vejo-te em sonhos, és minha sina...
Perdi o princípio e disto-me do fim.

Abandono o siso, rejeito a prudência,
Venha a sede que aplaca-me saciar
És meu oasis, és cura e clemência...

Já sem memória, só em ti sei pensar
Sempre a imagem tua, com veemência
Lembrar-me pra que? Basta-me amar!


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sexta-feira, 19 de março de 2010

POEMA

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SORDIDEZ

Sempre ausência, maldita torpeza estranha
Nó que não se desfaz, minha penitência...
Prazer que traz-me horror, essa dor tamanha!
Ódio, amor, tudo em ti, causa-me demência...

Sentir cruel e fremente, peito soluça aflito
No espelho, reflexo desenhado em palidez...
Com cada parte de mim, loucamente repito:
'Amar a dor? É. Amo!'... Inexorável sordidez?

Se provém a dor (e provém), do amor venerado
Quem atrever-se-á dizer que é cegueira?
Sim. Prefiro sofrer e morrer no amor amaldiçoado
E por ele arder no feitiço dessa fogueira!

Se não traz felicidade, apagarei com uma aragem?
Deixarei de desejar tanto? Cheia de nada enfim...
Arrancar-te-ei doce, imaculado? Não! Bobagem!
Rasga-me, destroí-me, mas não anula-te em mim!


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quinta-feira, 18 de março de 2010

POEMA DE AMOR E DESEJO

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SENTIDOS

Quero experimentar
O gosto das tuas carícias
O som do teu roçar
O cheiro do teu beijo
O sentido do teu olhar
A visão do teu desejo
O todo insano que é te amar

Quero vivenciar
A música que posso sentir
Na ponta dos meus dedos
A dança que posso tocar
Mesmo quando estou surda
O amor que posso ouvir
E que loucamente me faz muda

Quero mais do que só querer
O sol do teu coração
A esquentar minh'alma
A delicadeza da tua mão
A me congelar com calma
Teus sentidos todos a envolver
Cada célula que sustenta meu ser


Quero...


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sexta-feira, 12 de março de 2010

POEMA DE AMOR

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TUAS ÁGUAS

Sem querer, vislumbrei as águas do teu rio
Me banhando nelas, vejo o que ninguém viu
Ondas de segredos nunca antes contados
Ideais e sonhos, que foram só sonhados

Tuas águas me envolvem como precioso véu
Despejam em mim gotas do mais saboroso mel
Águas que caem sobre meu corpo... Esperança
Acariciam cada curva, como se fosse dança

Tuas mãos trêmulas em tortura me tocando
Teus lábios, carícias de amor sussurando
Os teus olhos, com intensidade me tomando
Cada contorno do teu corpo, o meu beijando

Nesse imenso rio repleto de incertezas
Sou vítima de minhas próprias fraquezas
Não! Não vou desistir de te ter me amando
E nas tuas águas... Ah! Tuas águas... 

Nelas seguirei navegando...



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quarta-feira, 10 de março de 2010

POEMA DE AMOR/ SÚPLICA

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Na absoluta falta de tempo para escrever, aí vai um poema antigo, que fiz há alguns meses!




GRITO

Por que está preto e escuro?
Por que está negro, obscuro?
Por que toca essa música triste?
Por que esse silêncio persiste?

Como faço para ouvir novamente a tua voz?
Como faço para voltar a viver a minha vida algoz?
Como faço para tirar do peito esse sentimento atroz,
que queima, me rasga, aperta as feridas em nós?

Preciso de uma palavra agora,
preciso de uma declaração sem demora...
Preciso que me leve à tua cama,
preciso que me abrace e diga que me ama...

Preciso de tudo, e nesse tudo de mais nada,
Preciso nem sei do que, talvez devesse ficar calada...
Perdida, não quero as respostas, não as necessito.
Só quero você, só você, venha até mim, isso é um grito!!


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quarta-feira, 3 de março de 2010

SONETO

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ETERNIZO

Refuto a perda! Eternizo as cores
Rezando, livrar-me-ei da prisão;
Lutando, abrir-te-ei o caixão;
Desenterrarei tuas putas dores.

Ouvirei o som, dilacerar da paixão,
Gritos, sussurros, teus dissabores.
Sentirei na pele os teus horrores,
Corroer-me-ão da carne ao coração!

Serei o negro e etéreo morcego...
Aplacar-te-ei com meu desapego,
Amar-te-ei, permeando teu rosto.

Verei teu olhar brilhando de medo,
Teu sangue brotando em meu dedo,
E beijando, arrancar-te-ei o gosto!


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SONETO

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VERDADE SENTIMENTAL

Felicidade para mim, é aquela tal
Que entra em meu peito de supresa
Me renova, mantém a chama acesa
E dentro dele, se perpetua imortal

Tristeza pra mim é a incerteza
Não saber-se amado é quase fatal
Lamento cada dia de vida parcial
Prefiro a verdade e a sua rudeza!

Dissimular sentimento é abominável
Mesmo quando 'errado', é inevitável
E quem o esconde comete um engano...

Por isso permito que entre em mim
Sem reservas me entrego até o fim
Chorar e sorrir é demasiado humano!


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POEMA DE AMOR

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REVÉS

És dualidade que habita em mim
Meu começo, meio e fim
Misto de alegria e tristeza
És minha dúvida e minha certeza

Reune em ti o tudo e o nada
Meu passageiro e minha morada
És para mim, o bem e o mal
Calor primaveril, brisa outonal

És minha segurança e meu medo
Cada erro, todo e qualquer acerto
O sol que brilha e a escuridão
Minh'alma, corpo e meu coração!

És terra, mar, és céu e ar
És todo o ódio, e o meu amar
O encontro e a infindável procura
Minhas chagas e também minha cura!

És o relativo e o absoluto
Meu nascimento e o meu luto
És bendito, e ao revés maldito
dentro do fim, és o infinito

Desejo, pecado, perdão e cândura
És em mim, inocência e lúxuria
Do pedaço o inteiro, do todo a metade
És meu sonho, envolto em realidade

És num só, o puro e o mundano
Para mim, o sagrado e o profano
És a sensatez e a insanidade
Toda mentira e cada verdade

És meu Olimpo, meu Coliseu
Único Rei, Deus que é só meu!
Dá a mim, o que nenhum outro deu
És dentro de mim, tudo o que é teu!


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segunda-feira, 1 de março de 2010

SONETO

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CIÚME

Teu ciúme possessivo, doentio e arraigado
Em teus princípios crassos, só faz ofender
Sem querer, cobre de amargor o ser amado.
Necessita até a última gota de fel beber?

Sobre teu amor, deposita o teu cunho irado
Despótico; exige além do que pode oferecer
Não vê que nessa busca será malogrado?
Eis que não há amor que sofra sem perecer.

Que o amor cega, mesmo sem ver, quem nega?
Mas insiste na sabedoria vã dos 'contidos'
Não germina o amor, mais uma vez o renega!

Sai e te refugia no ópio dos teus sentidos
Quando volta à razão, ignóbil, a nada se apega
Novamente o ciúme... Retorna a tempos idos...


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