quinta-feira, 13 de maio de 2010

PENSAMENTO

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BOMBAS E FLORES


Estive pensando muito acerca das palavras, da sua importância, do que elas podem causar nas pessoas, de como elas podem modificar a forma de pensar e de agir de alguém, do quanto as palavras podem persuadir ou ensinar, do quanto elas podem ferir ou alegrar, do quanto as palavras podem salvar ou afundar de vez uma pessoa nos caminhos da amargura e do desamor.

A realidade é que as palavras podem ainda mais do que isso, elas têm um poder que nós, errônea e/ou inocentemente subestimamos.

E é assim que muitos desentendimentos e desencontros acontecem nessa vida, por palavras ditas ou pelas não ditas!

Quem escreve como eu, ou quem tem grande paixão por literatura por exemplo, inevitavelmente acaba criando com as palavras um vínculo, muitas vezes imperceptível, de extremo afeto. Nós nos pegamos bravos quando vemos alguém escrever o português muito errado.

Mas isso não porque nos julgamos superiores, ou porque queremos dar lição a ninguém, ao contrário, é só e puramente amor a nossa língua pátria e à todas as suas palavras...

Eu sempre acreditei e falei pra quem quisesse ouvir, que aquele papo de que “as vezes é melhor calar” ou "o silêncio pode valer mais do que palavras", era papo de quem não sabia quais palavras dizer, ou não tinha coragem pra isso...

Para mim, ao contrário, o provérbio correto, de quem infelizmente não sei a autoria sempre foi: "calar é a sabedoria dos tolos", e todo o resto, era história pra boi dormir.

Dentro da minha insignificância, as palavras nunca foram dispensáveis, elas sempre precisavam e deviam ser ditas, porque se não dizemos, como se fazer entender?

Cresci e me formei acreditando que ninguém é obrigado a advinhar nada, nem a entender gestos, olhares e entrelinhas, por isso, tornei-me franca e excessivamente direta. As palavras sempre se entenderam bem comigo e eu com elas, por isso, elas nunca me faltaram, ao contrário, acabei por usá-las à exaustão.

Tanto, que me excedi e no percurso, me perdi...

A realidade, é que nunca me preocupei se alguém pudesse sair magoado pelas minhs palavras, porque sempre falei o que acreditava, pensando ser esse o melhor caminho, de que mais vale a verdade que machuca, do que a mentira que afaga.

Obviamente magoei algumas pessoas, nunca deixei de pedir perdão e certamente sofri, senão mais, pelo menos tanto quanto a pessoa magoada, porque além de amante das palavras, sou uma chorona sensível de primeira linha! rsrs

Mas eis que enfim, me deparei com uma situação peculiar: - De fato, eu não preciso esconder as palavras, mas eu preciso sim, ter responsabilidade ao usá-las!

Alguém me disse:

"as palavras tem que ser manipuladas com cuidado pois podem ser piores do que bombas atômicas."

Bombas atômicas, quando lançadas, têm um poder de destruição abissal! E isso me deixou assim, pensando se eu posso nessa vida, ter provocado um efeito "Hiroshima" em alguém.

E em meio a tantos pensamentos, lembranças e palavras, fico a me perguntar:

- Quantas bombas atômicas terei eu usado em minha vida?

Se foi sem querer, se não foi por mal, na verdade parece que nem interessa mais... Qual a diferença? Porque desculpas nem sempre resolvem os problemas, não curam as feridas mais profundas, nem remediam a morte...

A morte de uma pessoa, a morte de um amor, a morte de uma amizade...

Talvez um dia eu aprenda a usar as palavras com sabedoria. Talvez um dia eu faça das minhas bombas, flores, e nesse dia, eu quem sabe possa me dizer, que todas elas valeram a pena ser ditas (ou escritas)!


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