quarta-feira, 5 de maio de 2010

POEMA

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DEVANEIO

Tristeza implacável, medo e desesperança me afagam
Até as mais doces recordações apagam
Inaceitável fraqueza, estúpidos receios...

As lágrimas por minha face escorrem
O meu pescoço longo vagarosamente percorrem
Só para descançar languidamente em meus seios...

O arrepio causado me lembra o toque, me agrada
Os teus dedos, as tuas mãos, tão sagradas
A matar com rara perfeição meus anseios...

Só, nessa cama gelada, ambiente isolado
Posso sentir o teu hálito, abafado
Em meus lábios, meus ouvidos... Devaneio!

Essa tua presença afasta todo o medo
Esquenta o maldito quarto esquálido
Acende a chama morta, incendeia!

No escuro sussurro teu nome, sempre teu nome...
Enquanto em meu corpo casto e com fome
Tua língua atrevidamente passeia...

Me toca com tamanha paixão e indolência
A um só tempo, é carinho e urgência
Desejo insano que tortura, me causa cegueira...

Num gemido anestesiado de amor e dor
Me sinto desfalecer em êxtase e torpor
Abro os olhos... Vazio... Cadê os teus braços? 


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