sexta-feira, 9 de outubro de 2009

POEMA REFLEXIVO

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TRILHOS

Tantos caminhos a seguir,
flores a cheirar,
corpos a amar,
paisagens a admirar...

Tão pouco que represento,
agora.
Tão nada que serei,
amanhã.
Tão tudo que virá. Virá?
Talvez nunca.

Sabedoria que busquei,
pelos caminhos errantes que trilhei.
Experiência de vida que persegui,
não consegui...
Batalha interna que comigo mesma travei.
Perdi!

Errei,
pequei,
amei,
chorei,
perdoei.

Assim vivi e sigo...

Com meu melodrama adolescente,
consegui me livrar de algumas correntes,
mas isso não foi, não é, e não será suficiente.

De tudo, ainda tenho e guardo:
Os tombos que levei,
os amigos que conquistei,
os amores que desejei,
as palavras frívolas que deitei,
as expectativas que criei,
as decepções que carreguei,
e os versos que em mim eternizei.

Tudo parte do ser mutável que sou,
ser incompleto,
intenso, aberto, incerto.

Agora vejo beleza em coisas simples.
Sinto dor em coisas pequenas.
Amo, deliberadamente amo,
tão somente amo, amo apenas...

Tenho necessidades!

Sentir as ondas do mar trepidante em meus pés,
a bater-me com força, valente;
enquanto ando sem rumo...
Procurando...

Sou ser pensante, mas inconsistente.
Sou criatura presa em minhas próprias ataduras,
em ideias alheias, em papéis, em buquês, em fechaduras...

Sou esse ser pequeno e reluzente,
presente e ausente,
derrotada e triunfante,
às vezes amada, muitas vezes amante...

Me perco por entre páginas de livros,
em pedaços soltos de papéis,
em quaisquer escritos, manuscritos.
Muito me acrescentaram,
nada efetivamente me ensinaram...

E continuo...

Essa pessoa,
única pessoa...
Mais erros do que acertos,
mais dúvidas do que certezas,
cada vez mais e mais questionamentos....

Intermináveis perguntas,
angústia,
medo da ignorância permanente.

Mas vou adiante...

Vejo o trem que está a passar,
o sol em cada amanhecer a brilhar,
o animal acuado a uivar,
as gotas de orvalho a secar,
a criança com fome a chorar,
raízes fortes do chão a brotar,
pessoas fúteis a me incomodar,
aquele homem ainda ali a me olhar,
e a vida correndo, querendo voar...

Implacável tempo (implacável?).
Indecifrável razão.
Indescritível emoção.
Corriqueira e tortuosa junção...

Infinidade de indagações..

Quem sou eu?
Aonde estou?
O que estou fazendo aqui?
Existe um propósito pra mim?

A vida não para!

... Mas os trilhos sumiram.
Fim da linha,
acaba aqui...




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