domingo, 17 de janeiro de 2010

UM DEVANEIO...

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CAMINHO

Caminho em busca da insensatez,
cansada da futilidade
dessa vida barata,
dessa normalidade amarga...

Não quero mais esse sorriso amarelo,
esse tal bom dia afetado,
dessas pessoas tão conhecidas,
malditamente desconhecidas!

Preciso me libertar,
escapar do corriqueiro,
dizer não ao mediocre,
deixar de estar entorpecida
por essa falsidade enlatada...

Observo as prateleiras da vida.
São tantas mercadorias frívolas,
sentimentos vendidos,
corpos comprados,
a preço de nada,
ou de uma bagatela qualquer...

Rasgo o último pedaço inteiro;
essa roupa apertada e sem graça
deixa minha pele assim,
pálida...

Quero vestir-me vibrante!
Caminhar por aí, errante.
Esbanjando charme e malícia,
quero ofuscar o sol,
que se dane!
Vou viver sem preguiça...

Quero me livrar dessa estúpida sensatez
quanto dela ainda vive em mim?
Um pouco, muito,
quase nada?

Na incerteza,
pois que não conheço o caminho,
me pergunto se haverão demasiados pedregulhos,
ou de quantos e tantos outros percalços serão feitos meu destino...
Haverá destino?
Ah! Destino...

Terei eu de andar por azulejos, terra ou mato?
Pode ser concreto!
Seja o que for, vou caminhar,
isso e só isso é certo!

Para chegar ao cume,
de onde hei de avistar e quem sabe entender,
pelo menos um pouco de tudo,
preciso só, continuar escalando...

Então abandono os antigos costumes,
tiro esse sapato apertado.
Ah, como é doce a sensação!
Meus dedos desafogados...

Estou respirando...

É! Respiro, e volto a respirar...
Olho para trás e posso ver meus passos marcados,
essa é a última vez que os vejo...

Levanto a cabeça,
sinto a brisa tocar-me suave o rosto
a paz me invade,
por apenas uma fração de tempo...
Suficiente tempo...
Estarei enfim, me libertando?


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