sexta-feira, 19 de março de 2010

POEMA

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SORDIDEZ

Sempre ausência, maldita torpeza estranha
Nó que não se desfaz, minha penitência...
Prazer que traz-me horror, essa dor tamanha!
Ódio, amor, tudo em ti, causa-me demência...

Sentir cruel e fremente, peito soluça aflito
No espelho, reflexo desenhado em palidez...
Com cada parte de mim, loucamente repito:
'Amar a dor? É. Amo!'... Inexorável sordidez?

Se provém a dor (e provém), do amor venerado
Quem atrever-se-á dizer que é cegueira?
Sim. Prefiro sofrer e morrer no amor amaldiçoado
E por ele arder no feitiço dessa fogueira!

Se não traz felicidade, apagarei com uma aragem?
Deixarei de desejar tanto? Cheia de nada enfim...
Arrancar-te-ei doce, imaculado? Não! Bobagem!
Rasga-me, destroí-me, mas não anula-te em mim!


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