terça-feira, 4 de maio de 2010

CRÔNICA


Depois de um pequeno, muito pessoal e despretencioso discurso meu sobre emoção, que deu o que falar, já que pelo que notei, as pessoas são hoje bastantes racionais, me deparei com a pergunta de um amigo acerca da imprudência existente em não se ouvir o coração também.
E aí, quem me conhece sabe... Quando eu começo a pensar, divagar, e pior, escrever... Dá nisso:



 
VIVER NÃO É PRUDENTE!

E sabe de uma coisa? Que bom!! Prudência demais, reflete razão demais, e razão demais, remete à paixão de menos! Já pensou como tudo seria chato, tedioso, insosso e sem cor, se não houvessem riscos?

Somos seres racionais por natureza. É, "Deus" nos fez assim, dotados de um cérebro.  E ulalá, cérebro esse, pensante... Mas muito mais do que isso, nos fez seres carregados de sentimentos de todo o tipo e das mais variadas intensidades...

E não é aí que reside o espetáculo da vida? Nessa imprudência existente em viver no limiar entre a razão e a emoção? 

E que delícia, é não se deixar vencer sempre por esse tal de cérebro (não enquanto orgão, mas enquanto analogia à racionalidade), e pelo menos algumas vezes (no meu caso muitas) ser levada só, pelo coração (enquanto analogia à emoção)....

Eu tenho verdadeiro fascínio pelo ser humano, eu amo essa contrariedade de sentidos e sentimentos que ele possui, essa batalha interna que o homem trava durante toda a vida, acerca do bem do mal, do certo e do errado, da razão e da emoção, da indiferença e do amor...

As pessoas mais incríveis, aquelas que são de fato fantásticas, que passam por esse mundo e deixam marcas profundas, são aquelas que sem medo de errar (porque errar é humano), sem vergonha de parecer ridículo (porque ridículo é não tentar), sem vergonha de cometer loucuras (porque a real loucura é não cometer nenhuma); tiveram CORAGEM o suficiente para SENTIR, para SE JOGAR, para ARRISCAR, para SE ENTREGAR, para LUTAR insanamente pelo que acreditavam, para AMAR, AMAR e AMAR...

Ah! E não me refiro a amar uma pessoa, mas amar a vida, amar as coisas, amar uma flor, uma cachoeira, amar um bom livro, um bom filme, uma canção, AMAR (verbo transitivo?).

Você já conversou com uma dessas pessoas passionais e espetacularmente sensíveis? Quando elas começam a falar sobre aquela cena daquele filme, ou aquela canção, o fazem com tamanha empolgação, que elas mexem as mãos, seus olhos iluminam, seus rostos se enchem daquelas deliciosas expressões faciais variadas, algumas chegam a ter lágrimas nos olhos... Elas transmitem tanta, mas tanta paixão por aquilo que apreciam que a gente se contagia dessa emoção. Essas pessoas são mais do que fascinantes, elas são apaixonantes!

Sem querer compará-los enquanto importância histórica e religiosa... Mas Gandhi, Luther King ou Jesus, por exemplo e dentre toutros, amaram a humanidade com tal força, que deram TUDO por ela. Tinham uma PAIXÃO exarcebada por seus ideias humanitários, queriam mudar o mundo e lutaram por isso...

E aí eu pergunto: Paixão é racional? Eles foram racionais? Não!! Isso lhes custou a própria vida!! Dar a própria vida por uma causa que nem é só sua, é racional? Isso é EMOÇÃO, isso é CORAÇÃO, isso é AMOR, AMOR demais, AMOR e só! Só?

Será que eles estavam errados? Ou será que foram "imprudentes" o suficiente, para prudentemente ouvir seus corações, dar voz àquilo no que acreditavam, e com isso, fazer TODA A DIFERENÇA?

Reflito, reflito, reflito... Taí... EUREKA! Eu penso, logo, sou racional! 

Ainda assim, espero francamente não permitir NUNCA que a casca grossa da racionalidade excessiva me faça abandonar os instintos e o poder ilimitado que o meu coração tem de amar, só por amar, sem que haja nenhuma razão pra isso!

No mais, como diz a grande Ana Carolina: "que se danem os nós"! Eu mando às favas a razão que possa sequer ousar, tentar podar minha capacidade de ser APAIXONADA, LOUCA e CONTRADITORIAMENTE humana.

Eu não quero ser extremamente racional, eu não quero viver uma vidinha morna, eu não quero passar por aqui sem ter cometido ao menos uma loucura imprudentemente prudente, por amor à vida!

Intensa? Louca? Passional? Sonhadora? Que seja! Essa sou eu!


...

Euzinha, interpretando a crônica...
Pena que estava resfriada e a voz anasalada...
Mas se alguém quiser ouvir!! Aí vai:




3 comentários:

  1. E viva a inconstância e a imprudência deliciosa de nós, seres pensantes, que decidimos mesmo que por algum tempo, escutar também a loucura de nossos corações!!!!!

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  2. Parabéns,Natalia!
    Além de ter a honra de saber que você é você acima dos padrões racionais dessa "atualidade" filosófica dos homens, uma atualidade ateno-espartana, a estratégia da guerra pela vida dos que pensam sempre vencer, reacionada e batizada pelo capitalismo,eu tive a honra de me encantar com as suas palavras. Continue vivendo amorosamente, sem medo dos riscos belos oferecidos apenas pelo sentir,pq é assim q a vida tem graça e gosto.
    Beijos carinhosos,

    Domitila Belém

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