quarta-feira, 12 de maio de 2010

POEMA

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COERÊNCIA INCOERENTE


Sou aquela que tudo vê
mas que nada sabe
Sou aquela que tudo lê
Mas que nada aprende
Que tudo escuta
mas que nada entende...

Sou aquela que tudo procura
mas pra quem nada importa
Sou aquele pássaro livre
que sem asas, gritando bate à porta
Sou aquela folha seca
caída daquela árvore morta...

Sou aquela que viveu intensamente
agora sobrevive de farelos, migalhas...
A linda flor que desabrochou
Maltratada, sou só o que dela restou
Sou a pirâmide mais que perfeita
que numa aragem desmoronou...

Sou a Deusa mitológica, a mulher feiticeira
sem poderes ou atrativos, sou corriqueira...
Sou a fortaleza inabalável
que despencou à primeira rasteira
Sou o iceberg gelado e duro
que queima por dentro numa fogueira!

Sou aquela translúcida, transparente
Que fala a verdade até quando mente
Antes amante, louca, insensata, tão tão apaixonada
Hoje vazio, imensidão de nada, coerência incoerente...
Sou aquela que sentiu tudo, tudo, e mais!
E que já não sabe o que, como, e se ainda sente...


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2 comentários:

  1. É lindo ,Natalia,esta tal Coer~encia incoerente. O duelo que nos causam geram o paradoxo da escrita. Amo o avesso que há dentro de nós que escrevemos,e que só nós conseguimos expor, quando elevamos o amor e, depois o caímos aos pés dessa nossa não culpa de desamar alguém.O desamor se torna suave, triste mas suave, quando o que tínhamos de melhor oferecemos, então que chore quem nos jogou o avesso prá fora!

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  2. Neste sinceramente você se superou.
    Este merece estar em um livro.

    Kiron

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